Tudo Valença a pena, quando a alma não é pequena. Alceu é massa, sim.
Santa Cruz Cabrália, Bahia, dezembro passado.
Um bar com músico ao
vivo, tocando Alceu Valença.
O paraíso se não for por ali, está
perto.
Prainha do Farol da Barra, Salvador, o pôr do sol mais lindo,
com Flavinha e Sofia.
Músicos passando som pra festa noturna,
começam com La Belle de Jour, Alceu, novamente.
Propriá, Sergipe: ali, na
beira do Rio São Francisco.
No som mecânico, Valença, de novo, aquele frevinho. Devo estar sonhando.
Publius e Juvenil, no Recife,
cantam algo do disco Vivo, meu preferido, como se fosse pra mim.
Me
persegue o show ao qual vou falando, cada dia, com gosto, com Julio
Moura, meu amigo jornalista, biógrafo de Alceu: “Fala Flavio.
Ontem Londres, hoje Paris, amanhã Amsterdã”…
Chego na minha
cidade, Olinda, e antes de ir na Casa Estação da Luz (adivinhem de
quem),
com Serginho, meu Sancho parceiro, de juventude, veio um bloco de
carnaval, no auge da festa,
nos Quatro Cantos, disparando Bicho Maluco
Beleza nos seus metais de sopro.
Meus filhos, um mais embriagado que
o outro, dançam, alegres.
"Fazer da noite dos Quatro Cantos, um Dia Branco feito domingo".
Ali perto, nos meus dezesseis anos, pela
primeira vez na vida,
“apenas apanhei na beira-mar, um baseado pra
fumar”
(enquanto Alceu se declarava doido-careta no bar Ecológico,
do meu tio, Vavá).
De qual artista você se lembra quando escutou
seus discos pela primeira vez?
De Alceu, eu, Flavio: todos! Lembro
bem.
Minha adolescência não haveria sido aquilo sem aquele (disco) Cavalo
de Pau
que eu ganhei na Ladeira da Misericórdia, no bar
Querubim.
"Tantas águas rolaram, meu amor. Tantos balanços de rede no meu coração sonhador". Bobo.
Quando o príncipe holandês o visitou, em Olinda, eu
estava na porta da sua casa, de Alceu,
fantasiado de Clovis (o nome
que a gente dava para um Clown). Lula Côrtes (quase) também.
Quando
um militar terrorista (dos de antes) explodiu-se uma bomba no colo,
no festival musical de 1 de maio de 1980, no Rio Centro, estava
tocando Coração Bobo.
E Gonzaguinha avisou Chico Buarque, o diretor
musical do festival, que parou tudo.
E eu não estava lá. Valença, sim, no palco. Firme.
Ontem, em
Barcelona, no seu camarim, Alceu me surpreendeu perguntando, a mim,
pelo filho de Serginho. E eu lá sei? Logo, o fotografei, grande
astro, com Flavinha, linda.
A foto não prestou e a tivemos que
repetir.
Em São Luiz do Paraitinga, interior de São Paulo, antes de
voltarmos de férias, pra nossa casa,
aquele músico, premonitório,
olhando pra mim (Caipirinha de Mato-Dentro na mão),
cantou-me
Anunciação. Tal como a sala de concertos, ontem, cheinha, com a
Orquestra Ouro Preto,
na Capital da Catalunha, extasiou-se toda com "os teus sinais".
Havia um quadro de Zé Som, pintado a dedo, na parede atrás de
Alceu, quando o entrevistei,
ano passado. O nome do filho de Serginho
é Rodin e é neto de Zé Som
(autor do meu quadro de parede de
quarto, eterno, na minha casinha da Praia dos Milagres).
Forrozando ontem com Flavinha, Morena
Tropicana ("Morena Barcelona"), ao som da Orquestra, lembrei de Paulo Rafael,
“recentemente” falecido e guitarrista fiel de Alceu, durante
décadas.
Homem de poucas palavras (e imensa versatilidade musical)
também o entrevistei:
“E Alceu, Paulinho?”.
- “Alceu é massa,
velho”.
“E Olinda? Fale mais…”.
- “Olinda? Também”.
E
você? Quer mais o quê? Aquele abraço. Viva Yanê.
Alceu Valença e a nova turnê europeia. Entrevista Exclusiva. | Desacato
Nestes dias, ajudei, com gosto, Valéria a entrevistá-lo, pra Radio Nacional de España.
Ao que disparou, Valença, entre outras frases:
“Eu acredito é na Justiça Social.
O nazismo? Passou. Isso passa…
O Estado deve ser forte e provedor.
Sou humanista. E contra a manipulação das massas”.
“Viva o poder popular. Salve o poder popular”.
Tudo Valença a pena, quando a alma não é pequena. Alceu é massa, sim.
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