Tudo Valença a pena, quando a alma não é pequena. Alceu é massa, sim.

 (foto: FC)


Santa Cruz Cabrália, Bahia, dezembro passado. 
Um bar com músico ao vivo, tocando Alceu Valença. 
O paraíso se não for por ali, está perto. 

Prainha do Farol da Barra, Salvador, o pôr do sol mais lindo, com Flavinha e Sofia. 
Músicos passando som pra festa noturna, começam com La Belle de Jour, Alceu, novamente. 

Propriá, Sergipe: ali, na beira do Rio São Francisco.
No som mecânico, Valença, de novo, aquele frevinho. Devo estar sonhando. 

Publius e Juvenil, no Recife, cantam algo do disco Vivo, meu preferido, como se fosse pra mim. 

Me persegue o show ao qual vou falando, cada dia, com gosto, com Julio Moura, meu amigo jornalista, biógrafo de Alceu: “Fala Flavio. Ontem Londres, hoje Paris, amanhã Amsterdã”… 


 Barcelona, 4 de fevereiro de 2025. (foto: Flavinha, FC)


Chego na minha cidade, Olinda, e antes de ir na Casa Estação da Luz (adivinhem de quem), 
com Serginho, meu Sancho parceiro, de juventude, veio um bloco de carnaval, no auge da festa, 
nos Quatro Cantos, disparando Bicho Maluco Beleza nos seus metais de sopro. 
Meus filhos, um mais embriagado que o outro, dançam, alegres. 
"Fazer da noite dos Quatro Cantos, um Dia Branco feito domingo". 

Ali perto, nos meus dezesseis anos, pela primeira vez na vida, 
“apenas apanhei na beira-mar, um baseado pra fumar” 
(enquanto Alceu se declarava doido-careta no bar Ecológico, do meu tio, Vavá). 

De qual artista você se lembra quando escutou seus discos pela primeira vez? 
De Alceu, eu, Flavio: todos! Lembro bem. 
Minha adolescência não haveria sido aquilo sem aquele (disco) Cavalo de Pau 
que eu ganhei na Ladeira da Misericórdia, no bar Querubim. 
"Tantas águas rolaram, meu amor. Tantos balanços de rede no meu coração sonhador". Bobo. 

Quando o príncipe holandês o visitou, em Olinda, eu estava na porta da sua casa, de Alceu, 
fantasiado de Clovis (o nome que a gente dava para um Clown). Lula Côrtes (quase) também. 


 (Olinda, Clown, Clovis, foto: FC)


Quando um militar terrorista (dos de antes) explodiu-se uma bomba no colo, 
no festival musical de 1 de maio de 1980, no Rio Centro, estava tocando Coração Bobo. 
E Gonzaguinha avisou Chico Buarque, o diretor musical do festival, que parou tudo. 
E eu não estava lá. Valença, sim, no palco. Firme.

Ontem, em Barcelona, no seu camarim, Alceu me surpreendeu perguntando, a mim, 
pelo filho de Serginho. E eu lá sei? Logo, o fotografei, grande astro, com Flavinha, linda. 
A foto não prestou e a tivemos que repetir. 

Em São Luiz do Paraitinga, interior de São Paulo, antes de voltarmos de férias, pra nossa casa, 
aquele músico, premonitório, olhando pra mim (Caipirinha de Mato-Dentro na mão), 
cantou-me Anunciação. Tal como a sala de concertos, ontem, cheinha, com a Orquestra Ouro Preto, 
na Capital da Catalunha, extasiou-se toda com "os teus sinais". 
 
Havia um quadro de Zé Som, pintado a dedo, na parede atrás de Alceu, quando o entrevistei, 
ano passado. O nome do filho de Serginho é Rodin e é neto de Zé Som 
(autor do meu quadro de parede de quarto, eterno, na minha casinha da Praia dos Milagres). 

Forrozando ontem com Flavinha, Morena Tropicana ("Morena Barcelona"), ao som da Orquestra, lembrei de Paulo Rafael, “recentemente” falecido e guitarrista fiel de Alceu, durante décadas. 
Homem de poucas palavras (e imensa versatilidade musical) também o entrevistei: 

“E Alceu, Paulinho?”. 
- “Alceu é massa, velho”. 
“E Olinda? Fale mais…”. 
- “Olinda? Também”. 

E você? Quer mais o quê? Aquele abraço. Viva Yanê.

         

Clique aqui para ler a entrevista que fiz com Alceu: 

Alceu Valença e a nova turnê europeia. Entrevista Exclusiva. | Desacato

            (Olinda, Zé Som)

Nestes dias, ajudei, com gosto, Valéria a entrevistá-lo, pra Radio Nacional de España. 

Ao que disparou, Valença, entre outras frases:

 (No Camp Nou, FC Barcelona)

“Eu acredito é na Justiça Social. 

O nazismo? Passou. Isso passa… 

O Estado deve ser forte e provedor. 

Sou humanista. E contra a manipulação das massas”.


             


“Viva o poder popular. Salve o poder popular”.


Tudo Valença a pena, quando a alma não é pequena.  Alceu é massa, sim.


               (Barcelona, Sala Apolo, 2024)



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