Anti Jair. Mino, Zita, Nadja e Bilinha. Tesão de Jornalismo bom.
Esta, à esquerda, é Fabíola Mendonça, Bilinha, como a gente a chamava no sindicato dos bancários de Pernambuco onde ela trabalhava (na biblioteca, meu cantinho preferido) e eu era diretor, sindicalista. Nesta foto, no carnaval de Olinda, anos atrás, estamos no bar do PTesão, o bloco do PT. A foto foi feita no mesmo dia que Lula ganhou o título de cidadão da cidade. Luciana Santos, também na foto, atual Ministra da ciência e tecnologia de Lula, era a prefeita da cidade e primeira prefeita comunista do Brasil.
Esta semana, a jornalista Fabíola (premiada nacionalmente pela excelência com que desempenha a profissão, Menção Honrosa no Prêmio CAPES de Tese de 2022, Prêmio Nacional de Jornalismo Especial BNB em 2024) marcou outro golaço na revista onde atua, a Carta Capital.
Nos conta uma história de dor. Sobre como Nadja Mendes Araújo teve a sua vida sequestrada pelo horror da ditadura.
Na reportagem, aparece o advogado Marcelo Santa Cruz, para quem eu tive a felicidade de ser assessor parlamentar, quando ele era vereador em Olinda, nossa cidade. O vereador que propôs aquele título, que Olinda concedeu à Lula. O irmão de Marcelo, Fernando Santa Cruz (pai do ex-presidente nacional da OAB e nome do teatro onde eu subi num palco pela primeira vez), foi sequestrado pela ditadura e jamais voltou pra casa, em 1974.
A mãe de Marcelo e de Fernando, Dona Zita, autografou-me seu livro preparando um bolinho com café, no terraço branco da sua casa, como era comum ela me (nos) fazer. Seu livro chama-se Onde está meu filho? E foi motivo de deboche do então presidente Jair, com direito a resposta digna (genial!) de Dona Zita, na época. Colocando o fascista no seu devido lugar. O golpista disse saber onde estava Fernando, insinuando conhecimento de causa sobre o porão da ditadura que cometeu o crime. No dia 19/6/2019, enquanto cortava o cabelo, Bolsonaro sorriu e disse aos jornalistas (mentiu mais uma vez) que Fernando havia sido morto pelos próprios companheiros. Meses depois, em agosto, a corte internacional de direitos humanos, da ONU, exigiu que o atual presidente da República declarasse em juízo suas afirmações e o que sabia sobre Fernando. Covarde, Bolsonaro nunca o fez.
Quando minha mãe veio me visitar em Barcelona, trouxe na mala, para mim, o mesmo livro, novamente autografado por Dona Zita. Ficou com o livro, minha mãe, agradecida. Era também boa amiga de Dona Zita, que faleceu aos 105 anos, mantendo o mesmo número de telefone fixo, na mesma casa de Olinda, na esperança de receber alguma chamada com informação sobre o filho.
Exatos 6 anos atrás, no dia 7 de setembro de 2019, bolsonaristas tentaram incendiar o Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal Fluminense, em Niterói. O diretório, em homenagem, chama-se Fernando Santa Cruz.
Em 2023, o ex-delegado Cláudio Guerra foi condenado a 7 anos de prisão em regime semiaberto por admitir haver queimado corpos de brasileiros assassinados pela ditadura empresarial-militar. Segundo o mesmo, o corpo de Fernando estava entre eles. Guerra, pastor evangélico, está em casa, em Vitória-ES. Antes, havia sido condenado pelo assassinato da sua esposa e cunhada, cujos corpos foram encontrados em 1980, num lixão.
Dá-se a atual circunstância que Jair está sendo julgado no mesmo momento em que saiu a matéria de Fabíola. Ele, Jair, queria voltar àquela ditadura. Para fugir da justiça, agora inventou que está sendo perseguido por uma ditadura. Lixo sobre lixo.
Ocorre ainda que faleceu nestes dias o jornalista Mino Carta, criador da revista onde Fabíola trabalha. “Inegavelmente o melhor jornalista brasileiro de todo o século XX e do começo do século XXI”, segundo o atual Presidente da República. E complementou, recentemente, o mesmo Lula, no velório de Mino Carta: “Ele, à medida que ia crescendo, ia ficando cada vez mais progressista, mais à esquerda”.
Que Mino ilumine os caminhos de Lula. O Brasil merece e precisa.
Ditadura nunca mais.
Aquele abraço, Fabíola, Marcelo, Luciana e toda a camaradagem das Olindas.
Viva Dona Zita, Fernando, o pai de Nadja. E Mainha.
Comentários
Postar um comentário